14.10.07

Foto Amarelada

Tento transformar minhas dúvidas em canções,
e adianta pouco solar sobre minhas incertezas.
Aprendi aos poucos que o inferno se faz no ceú,
e que a inocência nos carrega a ironia.
Rir de tudo é tão patético quanto chorar cada ilusão,
versar meus momentos me retira da agonia,
de te ver derretida nas águas da paciência.

Minha amiga, se fosse tu meu pesadelo,
sonharia calmamente.
Se fossem os olhos negros de tua front,
preferia sofrer que te ver por perto.
Deste modo és tão perfeita,
teu juizo me afastou e persevera na causa.

Me libertei dos sonetos de um Neruda,
que me iludem de, na sua rua,
resgatar aquele tempo que era completo.
Certamente pouco tinha a fazer.
Se agora estivéssemos abraçados,
infimo seria teu ajudar.
Este percusso é tão grande quanto as trevas,
que reagem e absorvem meu caminhar.

De nada vale ser tão criativo,
nada tenho pelas minhas risadas.
Com elas me afasto do positivo,
sou um fraco desenvolvendo a jornada.
Ana, Maria, Joana, vejo teu rosto em cada cicatriz;
das velhas amigas dum homem indigente.
Nenhuma ocupa com teu cheiro meu nariz.

Pernoitado, benevolente,
a boa vontade me tomou de assalto.
Um modo hilário,
de alcançar esse Deus afastado.
Pouco nele já acredito,
doravante tudo que tenho não merecer.
Venderia casa e amigos,
se tuas pernas me esquentassem uma última vez.

Essas dores vêm e vão como varizes.
Esses textos morrerão na imensidão dos cabos.
Já que os tímpanos não aproveitam minha saliva,
escreverei sobre meus dias como um capataz.

Um meteoro progride abertamente,
uma ruina chamada amanhecer.
Desse dia quero levar a pobreza,
do pouco que tenho e do muito pra comer.

Que vale tantas carnes se não tenho a minha,
de que adianta tantos luxos se não posso gozar.
Da maior misecórdia que o criador concede.
A liberdade de estar perto do mar.

Esse foto amarelada de nada vale como lembrança.
Navego no oceano para esquecer.
Que esse rosto tão belo já disse: Eu te amo.
E se afastou quando eu tentei dizer.

Foi você que escolheu e advinhou nossos futuros,
sua felicidade e esse meu quarto escuro...
Fui eu que não pensei na falta que faria,
lidar com teus defeitos e correr por tua guia...

Marcus Mavi

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa sem noção esses textos hein...me amarro em ler.....Bjinhus mil!!!!!!!!

Daniel Felismino disse...

Sem muito pra comentar Mavi. Aliás tem uma coisa sim: gostei da citação ao Neruda!

Mas já pensou em escrever esses textos em prosa rapaz?