9.10.07

Diário de um combatente -N°2

Futuros

Um dos assuntos mais complexos da história de qualquer pessoa é seu futuro. O que virá pela frente? Existe algo tão forte nesse desejo descabido pelo amanhã e, quanto mais desejamos-o, mais afastado e incompleto ele se torna.
Modular esse fator essencial para nossa existência é parcialmente eficaz. Os sonhos caem facilmente, aos poucos, a vida se mostra tão direta e interesseira que, as filosofias aprendidas apenas povoam nossa memória. Nessa hora, a infância se vai...

Viver entre tantos processos, tantas pressões nos afasta uns dos outros. Quantas famílias e vidas são destruídas por dinheiro? Mas, este, realmente, é essencial para viver.
Aos quinze anos você se rebela e entre em guerra com a vida. A primeira, segunda, terceira e centésima batalhas são perdidas. Descobre que és um grão no mar do mundo.
Hoje me vejo tão ganancioso quanto aqueles pelos quais vestia a camisa anarquizada. Notei o que os faz tão esperançosos, o algo a perder...
Já pensei em tantas soluções para meus acasos, tantas injúrias suporto vindas do ventre que me serviu por meses. A ovelha negra é tosquiada, se torna cada dia mais cascada, impenetrável. De grão em grão seu poderoso escudo se fortalece e, igualmente, agimos como os que odiamos...

Cada vez mais, o menino inteligente se torna falso. Aos poucos vai se entregando aos pequenos sonhos, passo a passo, construindo o pequeno sub-mundo ainda dominado, por gente amargurada que não o deixa voar. Nunca nessa vida desejei tanto a liberdade, estou cansado de sofrer por teus defeitos. Meu coração quer perder tua cabeça, minha cabeça perder teu juízo. Tua força bruta é em palavras, perdoa mãe, nunca fiz nada para estar aqui.
Avistar ao longe seus amigos, indo e caminhando com brilho a felicidade que você nunca encontrou. Tenta desamarrar a corda á força e percebe, maioridade é só pra documento. Você depende dela, isso é um tormento...

Porque sofro por teus erros?
Não vedes que tua insensatez só me abate, como achas que seremos amigos, se teus olhos só me trazem desgraça. E ficas achando que essas prestações irão comprar todos os dias que me negastes o afago materno. Agora retribuo com uma geleza, perdoa mãe, é a vida.
Se o remo estivesse aos meus braços, mudaria o curso e correria para o que quero. Paz, família e sossego, longe daqui e de teus devaneios. Compreendo tua infelicidade adquirida, essa vida é doida e curtíssima. Porém, nada fiz para merecer tua raiva. Apenas tentei deixar-te longe, isso é prática.
Mãe, porque agora que não rio mas com tanta frequência, nem angelical é meu rosto. Porque não se curvas á alguma benevolência. Chega de guerras, preciso de socorro. Nem em Deus acredito firmemente, tua lembrança é tão dolorida que chego a pensar. Se tu fosses mãe, prematuramente, qual momento bom que me ofereceste ia guardar?
Infelizmente, contigo não posso mais falar abertamente, tuas criticas me atrapalharariam como sempre. Já tentei tantas vezes mostrar teus erros. Tua carcaça é forte como tua cabeça. Vejo-me distante de ti para ser feliz. Se o futuro me guarda algo além disso, talvez eu escolha abraçar tua fronte e dizer : Eu te amo. Frase que nunca ouvi de tua boca. Me perdoa mãe, sou um espelho. De anos e anos de indiferença. Nem comida, nem roupa e despesas. Me faltou algum afeto e um pouco de consciência...

2 comentários:

Daniel Felismino disse...

Todos nascemos pobres. Se não tivermos a riqueza do perdão, de nada valeremos nesse mundo, aonde os homens devoram os proprios homens.

Do mais, deixo alguns abraços.

Anônimo disse...

Marcus...sem comentarios no que li no seu blog..incrivelmente incrível....investimento??bom pode ate ser que nao tenha alguns..porém as vezes o investimento se faz desnecessário quando o talento já existe....pense nisso que vc irá entender....amo tu cunhadooooooo...Bjinhus mil!!!!!!!!