28.1.08

Lições dum Janeiro...

Esse Post, para mim, até agora é o mais importante deste começo de 2008. Na verdade, ele incluirá coisas que aconteceram desde o Final de Dezembro. Poucas vezes eu irei falar tão abertamente da minha vida, porém, meu maior objetivo é ter um diário que eu possa consultar daqui um tempo.

Sinceramente, no dia em que eu terminei com a Isa e todo aquele rolo, eu me condicionei para suportar o que estava vindo, aliás, o que já acontecia naquela época.
Eu passei um ano e meio da minha vida certo dum amor e do caráter duma pessoa que dizia que me amava. Certo que todo este mundo era uma estrada e eu só devia caminhar e seguir minhas metas. Não posso vos dizer que eu era completamente inocente, isso, admito, não sou desde meus 15 anos, porém, a vida ensina a cada dia, mesmo numa pacata segunda-feira de Janeiro.
O fator que mais me comprometeu foi a dissolução total da cabeça de alguém que estava em meus domínios, ao meu flanco. Eu acompanhei desesperado ela se render a futilidade e a tudo que acompanha quando se mistura falta de caráter e dinheiro. A partir dai, tive medo de cair na tentação.
Naquela noitinha de Dezembro, ali, sentados na grama em frente ao prédio dela, eu vi que a vida é dura e, as vezes, lutar não é tão inteligente. Ou seja, eu renunciei de tudo e andei da Abolição até aqui. Nunca mais nada daquilo voltou, hoje eu agradeço a Deus.
Foi triste, mas, eu já havia passado por aquilo e lavei minha velha armadura e entrei ao combate dessa solidão. Nunca lutei uma guerra tão grande.
Durante os dias, uns trinta dias, eu me vi entretido com joguinhos estúpidos, noites em bate-papos, livros de auto-ajuda, currículos. A pessoa que eu estava tentando afastar era alguém mais forte que a ex, era o cara do espelho aqui de casa. Eu consegui pela maior parte do tempo.
Doravante toda essa chuva de informações recheada a minha mente, como um bolo que o fermento falhou e o chocolate tenta substituir o espaço tomado de vento, eu me entreguei a cada discussão com a minha mãe, cada lance de qualquer coisa, cada texto. Eu optei por alienar-me, agora não sei mais escrever direito, perdi muitos amigos, quase ninguém está aqui, porém, muita pouca gente já esteve.
Confesso que a inutilidade me afligia, eu tomei tanta raiva de Deus pelos Ímpios terem um emprego e amigos e, eu, depois te tanta luta, estar aqui, ouvindo a dupla de senhoras dessa casa enchendo meus ouvidos de especulações sobre o meu caráter.
O golpe fatal foi quando eu me decepcionei com um dos meus melhores amigos, daqueles que eu achei que tinham sobrado. Ai sim, ninguém me ligava aos sabádos, eu corria para ir a missa, passava dias inteiros no MSN procurando algum miserável que não me conhece direito para, ele sim, dizer alguma coisa boa sobre mim. A briga estava dura e , até ai, eu estava perdendo...
Eu me inscrevi no Curso de férias para fazer alguma coisa e resolvi ir ao Pitbulls Futebol Americano para entreter toda essa raiva que aflorava em mim....

Na primeira aula, mantive meu procedimento padrão de sentar ao lado do grupo e sorrir. As pessoas se apresentaram, algumas começaram a chorar de primeira. A Carla, nossa professora, disse algo que ficou grudado no meu consciente "As pessoas estão sozinhas e sofridas demais.". Desde então eu me vi com um grupo de pessoas que, em sua maioria, estavam tão aflitas como eu por algo que animasse toda essa solidão enclausurada no coração delas.
Das 16 horas de curso que se sucederam por duas semanas, todas as terças e quintas de manhã, nós falamos sobre moral, ética, mundo por umas 10.
Quando na última aula, a Carla nos deu tchau, eu entendi uma coisa. De algum jeito, não estou sozinho na frente desse PC com esses pensamentos e talvez eu seja o Impio da história.
A falta de emprego, de amor, de caráter é um problema brasileiro. Resolvi aceitar minha condição de ET amoroso.
No Pitbulls encontrei algo para me retirar dessa realidade por treinos e finais de semana. Além disso encontrei uma irmandade baseada no esporte, homens totalmente diferentes de mim ao lado na linha de ataque tomando os mesmos tapas. Playboys, pagodeiros, trabalhadores, ricos, pobres. Depois de Saquarema, quando eu vi dez homens correndo ao meu lado gritando num ataque enlouquecido e senti meu coração tremer dum ódio muito além da camisa adversária, percebi que existe um caminho contrário da solidão.
Compreendi que, como para fazer um Touch Down, se deve sempre avançar, avançar e avançar. E mesmo quando não estiver mais ninguém ao lado, proteja a cabeça e corra o mais rápido possível.
Aquele pôr-do-sol em Jaconé me fez sentir algo que estava difícil de aceitar, eu ainda estava vivo...
Ainda não entendi o que Deus quer para a minha vida, não aceito e nem leio as frases feitas que qualquer mortal responde nessas horas.
Seja o que for, eu confio na minha linha de ataque formada de um homem só.
Eu me olho no espelho e me vejo mais gordo, com mais espinhas, cabeludo, feio, carente mas, ainda me admiro, ainda vejo muita força. È só lembrar do que eu já fiz de bom...
Numa hora Deus vai mirar em mim algo bom...
È estranho como duas coisas que entram como "coisas bobas" na vida lhe dão uma potente lição de moral em tão pouco tempo...
Sinceramente, desisti de entender a vida....
Essa tarde, enquanto eu deitava na cama da casa da minha vó para ficar sozinho, me veio essas estrofes da música dum certo Cartola. Descobri que, além da filha rebelde dele, essa canção também era para mim...

Ainda é cedo amor,
mal começastes a conhecer a vida,
já anuncias a hora da partida,
sem saber mesmo o rumo que irás tomar.

Ouça me bem amor,
presta atenção,
o Mundo é um moinho,
vai triturar teus sonhos tão mesquinhos,
vai reduzir tuas ilusões a pó.
Presta atenção querida,
de cada amor tu herdarás só o cinismo...

Uma boa semana a todos...

3 comentários:

Anônimo disse...

Kra...
Foda...
Só isso a comentar
Abraços!

Mirian Martin disse...

Marcus Vinicius Desidério... Juro que isso passa! Aliás, é isso que ajuda a formar o caráter das pessoas. Já fui a ovelha negra da familia (continuo sendo...), mas é sempre nas minhas mãos que os abacaxis acabam desabando para serem resolvidos, ou seja, estou em dúvida se valeu a pena ser ovelha negra. kkkkkk Jogo de cintura, maior percepçào das coisas, empatia, simpatia, disposiçào para ouvir, são coisas que a gente só aprende apanhando... elas não vem na embalagem original. Güente firme! Mas seja maleável... É assim que Ele molda a gente. Beijos, querido!

Anônimo disse...

É... Também não sou lá flor que se cheire, mas como disse a bruxa, a coisa passa. Te add lá no O Arroto. Um abraço.