9.11.08

Amanhã

Amanhã, ser transeunte em nossa mente,
que nem o vidente, o padre e o sonho podem acertar.
E doravante todo o tempo do mundo fosse pente,
fosse a ponta do iceberg de nossa gente,
nem mesmo eu posso retroceder nesse cais.

Ora, fosse eu o melhor do melhores,
o belo dos belos, o eterno dos maiores,
poderia o amanhecer me consumir uma única vez?
Como o peão alquebrado na ponta que não rodopia?

Eu sou mar, sou areia, a gota que flutua no orvalho,
no sereno das manhãs dessa cidade,
dos ônibus.
O outrora é um retrato que se refaz, se perdiz,
a cada momento, cada instante, em vagas estantes,
em vastos pensamentos...

De toda forma, toda mostra, como o lodo reforma a costa,
eu sou meu tempo, meu Deus, meu amor.
Alguém que sempre esteve perto, junto de mim,
viu e reviu decepções, passei e viverei alegrias.

E, como os versos populares dum compositor qualquer,
serei lembrado e cantado por algumas gerações.
Mesmo que os coitados sejam um ou dois...

Não posso eu transpor nada além da existência,
se há céu, inferno e purgatório, isso, nada importa.
Eu tenho muito por fazer, demais por querer,
e sempre mais a conquistar...