21.3.10

Sobre a clausura, os amigos antigos e as novas mini certezas

Um relacionamento falido é uma grande clausura a qual nós mesmos nos movemos para. Mendigamos alguns restos de atenção e prazer e nos acomodamos ao fato do controle. Existem pessoas que nasceram fora do controle, eu sou uma delas.
A cela é bonita e perfumada, mas funesta, avança sobre mim em meus grilhões. Suas grades cinza em formas de mãos quase me abateram ao comum, coisa que há mim se comparando não se dá.
Contudo, ate mesmo sem querer, era hora de avançar e tomar essa Bastilha. O destino move as pessoas para caminhos inconcebíveis a mente. As muralhas caíram sem uma só bala, sozinhas, explodidas. Aproveite a fuga e continuei uma historia que jaze há anos. Com gente tão precipitada, impulsiva e narcisista quanto eu. Como é bom ver-se de outras formas, sem pudor e pequenas teorias tolas sobre como devemos ter um comportamento, e ou, diplomas, coisas mínimas e religiões falidas.
Eu sou incompleto, por vezes fútil e incompetente. Não quero tornar-me maquina ou exemplo de vitória para a classe burguesa. Nem ser um acionista de coisas vãs.
Meu caminho é conhecer caminhos. Meu destino é modificar destinos. Minha voz é para ficar silenciosa. Meu dom é para entreter o ego. Eu sou para, um não sei o quê que me agrada. A música é tremenda, a palavra incansável. Minha mente talvez seja pequena, mas meu quarto é um navio corsário.
Estou deveras cansado de planejar dinheiros, de poesias ínfimas, de donos da verdade. Meu dinheiro é para se perder no breu, minhas poesias tem de falar minha nojenta verdade.
Afinal de contas, sou um homem moderno e tenho o direito de ficar calado...

19.3.10

Sobre como varrer amores para debaixo do tapete

Parti hoje, para um cruzeiro que ganhei a passagem. Quando fiz a minha parte, esperando meu prêmio; que foi trocado ás pressas. Nunca comprei bilhete ou concorri, fui premiado, por uma velha amiga, a navegar por dentro da minha vida, em solidão e silêncio.
Lugares antigos não se dão como inéditos. Apenas um velho quarto, de tempos imemoriáveis. Apenas uma velha cama, e as velhas bebidas, que nos ajudam a compreender ao contrário nossa ínfima e infinita vida.
E de contrários ela realmente se faz. Pois ao fundo pagamos o preço do de graça, pois desviamos para o avesso do direito. E as contas nunca cessam, e a chuva sempre volta.
Agora aqui, alguns anos depois reconheço a velha faceta que nunca amamos, e tenho que estar firme para o trabalho..
Todavia, o silêncio impera e isso me agrada, e simplesmente, tenho pouca coisa para dizer, quando deveria falar muito. Mas são as dissidências dentro de nós. Essas é que fazem valer...

14.3.10

Sobre como se portar em dias ruins

A vida exerce sobre nós a ligeira e extrema arte da ocasião, do acaso e dos meios pelo qual aquilo que os crentes num divino atendem como sua providencia. Desta avassaladora arte vêem nossas incertezas, dilemas, reflexões e encontros com um “Eu” tão poderoso e impotente como às formigas que se alojam por de trás da tomada da cozinha.
Precisamente eu estive de fronte com essa realidade hoje, e talvez amanhã também esteja, até que chegue algum outro motivo poético que me faça ter vontade de acordar ás seis e varrer meu rosto da barba que cresce; engraxar um par de sapatos caros e correr contra o tempo por toda santa manhã, pela tarde, no almoço e diante das noites mal dormidas.
A minha existência se deu dentre muitos momentos bons e ruins, alguns passei sozinho, outros passei rodeado de amigos ou em par com alguém. Mas, me respondam: O que sobra do passado neste futuro sombrio além de nós e nosso velho quarto marcado?
Contudo, creio que os investimentos e as visões são tão passageiros quanto à própria humanidade, os gostos e os devaneios de alguém fadado a viver a vida moderna.
Vejo-me como um pequeno astronauta, sem recursos, explorando algo bem perto para refazer uma casa destruída pelo vento cósmico. Ou não, eu perdi minha fé nas estrelas e num mundo exterior. Minhas crenças de proteção, e até minha força de vontade. De fato, estou abatido pelo golpe certeiro que o acaso me deu, fendendo minha rotina em várias partes.
Gestos, ligações, dias de Tv, tudo tão minúsculo e inocente quanto nós e que acarreta uma vicissitude de estar sempre ali no contar dos dias. Roda do tempo que desaba e rola por dentre nossas emoções e nos deixa a sós com nosso inimigo mais poderoso, o “EU”.
Contemplo a paisagem do meu bairro neste terraço triste e barato com meus melhores companheiros de viagem: Meu orgulho, meu Ego e minha falha e esquecida esperança.
Caçando com lasers e máquinas, aqui e ali, algo que esteja aquém do que eu tenho certeza que vai ser o amanhã.
De toda forma, aos vintes anos, existe um velho lobo cansado dentro de mim. Incapaz temporariamente de entender e compreender a vida, ou totalmente o contrario. Talvez minha visão esteja tão elevada que ultrapassou meus ideais e minhas mini-certezas.
Digamos que, em par, em grupos ou sozinho, sou incompleto...