4.5.14

Demasiados Enterros

“Não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido, transcorrendo, transformando, tempo e espaço navegando em todos os sentidos...”
O poeta já dizia que o Tempo é Rei, senhor de algumas verdades, fazedor de tantas outras mentiras, o exílio dessa vida sofre suas consequências, oxida as relações, a maresia desse Rio de Janeiro assola as almas de meus conterrâneos.
E como não viver essa ação tão manifesta, essa oportuna aprazia, esse deleite sofrível.
O eterno se torna quebradiço, o fraco enobrece os altos, o desterro da verdade contorna o mar de mentiras.

Em mim, quase nada se desfez, o que havia era ocupação, era mandato, era desfecho, e o eterno abstrato expulsou meus invasores. Eis me aqui nu e calmo, nas ruínas do fato, demasiados enterros.