26.10.07

Duplo Soneto sobre a vida

A chuva alimenta minha paralisia,
como o vento que adverte a solidão.
È o som trovador duma alma ignóbil,
e o sol que já marchou para o opróbrio.

Sou aquele proclamado seu senhor,
e afronto os desalmados e imprudentes.
Que procriam e assemelham meus deveres,
e renovam a melancolia destes viveres.

O ocaso e acaso se contradizem,
assim como minha front que dispersa os inimigos,
e esquece da ditadura que exerço,
com meus erros, atenuações e diretrizes.

Fiz de mim um ser inconformável,
vazio, amistoso e atolado em idiossincrasia
Nada disso nunca fui, se não agora,
novamente deito-me em ódio como outrora.

Aqueles que mal falavam me absorvem,
no mundo negro da derrota e alegria,
que têm as almas imbatíveis, necessitadas de harmonia.

Fito o tolo e suas alucinações,
vejo um insano e preocupações.
Onde mora um louco além daqui?

Deus está tão longe quanto à liberdade,
a velha história de depender do anonimato.
de minhas desventuras e atrocidades...

Soneto irregular para uma vida complexa,
panorama errático da alma que regenera,
depois de quanto pecados serei alguém melhor?
O mundo se assusta moralmente com adulações?

Viver é amargurar uma solidão necessária,
todos que dizem, agora trabalham.
Movem suas formas como bem entendem,
No impacto da bala, venceram e surpreendem.

Eu que de tanto elogio fiz crescer meu ego,
nem os mil livros me fizeram discreto.
E os dez cabelos encravados na camisa,
fazem-me lembrar de que já fui moderno.

Um Neruda, um ateu, um platônico.
Perturbado, adoentado pelos sonhos.
Tão inimagináveis as curvas da estrada.
A orografia da sorte se perdeu em toneladas.

Essa dor que me aflige e assusta.
È a esfinge do silêncio paranóico.
È o velcro que mantém a conduta.

Esse dia que me assola com suas gotas,
temporada de caça ao iludido.
Férias da morte, peito amigo.

Quem aqui serei, senão um vassalo,
do capital mal investido nesse estrago,
da violência adquirida pelo estalo.


Marcus Mavi

Um comentário:

Unknown disse...

Incrível como vivemos em meios a tantas alucinações....Pena que nem todos notam...Bjinhus mil!!!!!!!!