16.10.07

Diário de um combatente -N°4

Viver, eis ai um verbo difícil de conjugar...

Apesar de minha idade, um pouco mais de dezessete anos de vida, tenho enfrentado desafios enormes para a minha capacidade. Aliás, desde minha infância, passei por situações e fatos desagradáveis. Coisas que contribuíram para construir uma mente fraca e, só Deus sabe o que isso ia gerar.

Sobre bens e comida, nunca tive de reclamar. Mesmo sozinhas, minha mãe e avó obtiveram êxito em me alimentar e dar-me coisas. Porém, nessas últimas noites, aprofundei-me em minha história. As conclusões de minhas reflexões me levaram a crer que algo faltou. Procurei especificar o quê e por que desses fatores terem influenciado no estado critico que passo mentalmente.

A partir de meus 7 anos, meu pai se foi de minha casa donde fora e ainda é um grande problema. Alcoólatra, ele era um bom técnico, até mesmo um ótimo homem. Perdeu-se em insolências e na bebida, hoje em dia, faz mais de um ano que não o vejo ou ouço falar dele. Entendi que essa perda que foi a chave mestra do andamento de minha vida, pense comigo...

Sozinha e magoada, minha achou que para criar um homem sem seu pai precisava ter mão de ferro. As grosseiras que o destino fez com ela a fizeram assim. Incapaz de falar de amor. A pergunta é, devo ou não culpa-la pelos fatos que seguiram a isto? Em minha opinião, mesmo tendo tido azar na vida, ela devia ter dedicado todo seu afeto e compreensão com seus filhos. Infelizmente, apenas dedicou-se á sustentá-los.

Num ciúme cicatrizado pelas experiências passadas, minha mãe começou a exercer uma ditadura tanto moral quanto religiosa em minha vida. Assim que me entendi por gente (11 anos), comecei a sofrer dum certo desdém para quais meus interesses, sendo movido por mãos de ferro. Mãos que às vezes me feriram não só a alma.

Com minha primeira namorada, primeiro melhor amigo, primeiro grupinho, primeiro esporte, primeiro hobby e todos os que seguiram, notava uma raiva compulsória dela, como se aquelas coisas me tirassem de meu objetivo. Ai eu entendi a verdadeira história, ela tinha medo. Um temor estúpido criado pelo trauma do meu pai. Medo de, o filho do “monstro” da vida dela, se tornar outro.

Cada vez mais dura e menos afetiva; chorei muito suas agressões morais. Fui chamado, na pior fase da vida de qualquer um ( a pré-adolescência), de cobra, gay, burro e outros xingamentos piores. Aprendi a afastá-la da minha vida. Criei uma redoma de raiva e medo diante dos acontecimentos, às mentiras se tornaram freqüentes. Hoje em dia, ela nem sabe do que eu fiz naquele dia.

Quando perdi meu primeiro grande amor, que ela implicava dia após dia, um forte baque aconteceu em minha mente; a inocência se fora. Invés de me ajudar a superar, ela me afogava em criticas e aprofundava a ferida. Mais grosso se tornou o muro entre nós.

Os anos foram passando e minha mãe doutrinou tanto minha avó quanto irmã á agir da mesma forma. Eu me senti sozinho. Agradeço aos meus amigos da época e os que estão aqui até hoje por ter sobrevivido á isso.

Por muitas agüentei sozinho e calado e, mais e mais erros foram se acumulando, ano passado, aquilo que já era sensível rompeu; o sentimento se tornou fraco demais. A convivência e a tentativa de me separar desta família se tornaram vitais para o meu futuro.

Talvez para você, que passou por brigas familiares e tal, seja difícil entender tudo isso ou dizer que estou certo. Isso porque, você nunca teve de chorar calado por toda a sua vida. Isso porque, enquanto as lágrimas desciam verdadeiras de tanto sofrimento, a sua família dizia que era teatro. Isso porque, você não foi taxado de monstro e seus erros inchados por esse ódio e raiva mútuos. Você já ouviu sua mãe dizer que te ama? Que tem orgulho de você? Foi comparado a vida inteira com outra irmã? E com um bêbado tarado que era seu pai?

Agradeço ao bom Deus por até hoje estar vivo para escrever-lhes essa saga de torturas que é minha vida. E por nunca ter perdido o caráter e a vontade de fazer tudo melhorar. Quantas vezes pedi só a morte....

Se existe deus em agonia...
Manda essa cavalaria,
que hoje a fé me abandonou....

Um comentário:

Isa Fernandes disse...

Ei, sair do EAC?

:///


Afff, vcs são tão tão... ah, deixa pra lá! Só espero que sair do EAC n signifique nunca mais te ver, se naum rola tiro, ta sabendo né?!

¬¬"


.Mill Beijos.
Tô com saudade!

:*