29.10.07

Coluna Poética

Poesia do Adeus

O mundo nos arranca as flores mais abertas,
nos faz de escravos da máquina moderna.
E oferece o fel ao lutador melhor.
Todavia o mar ainda é o mesmo,
e o sol está lá seja qual for o resultado da batalha,
a vida é irônica, amigo, a vida é sinistra.

O que nos faz incertezas nesta alvorada,
são os pensamentos madrugentos.
As lágrimas tombadas no travesseiro.
Doravante o céu se desdobra,
no preto e anil e, tão pouco liga para nossas guerras.
A vida é imparcial, meu inimigo, a vida é bela.

E não há nada melhor do que cultivar um novo sonho,
quando outro imenso se perde na chuva.
Por nada falece o desejo engordado por meses.
E esse jogo de interesses nos ensina a confiar em Deus,
tentando fazer o mesmo com o espelho.
A vida é intolerante, minha amada, a vida é um desterro.

Para o amante que ficou na estrada,
tudo falta, nada sobra.
Outrora amargurado, ele chora.

Para os dias, pertissimos do presente,
joga ao pretérito, ignora.
Um erro convicto que pesa na pior das horas.

Para aquele que seguiu, sobra a certeza.
Duma vida bem mais pacifica e florida.
Depois de meses, o erro é fatal.

Aos dois sobra o sonho,
despedaçado entre os risonhos.
Os queridos companheiros encerraram a jornada.
E a dupla trilha se dividiu,
todos os presentes ficaram para marcar,
e lembrar dos beijos que não vão voltar.

O amor perdido é um deserto,
povoado de aréns gerados pelo orgulho.
Quando se vê, já nada em pedras.
Falta-lhe água, resta-lhe o túmulo.

A nova vida é uma promessa,
uma roleta russa que se joga fechado.
E todo o sexo, amor e promessas.
Ah, tudo isso, fica registrado...

Digo adeus, querida ao teu peito.
Desejo-lhe sorte em tua fase defendida.
Apenas vos alerto, tomas cuidado.
Cuidado com teu jeito de viver intensamente.

Agora o poeta trabalha pesado,
sua musa partiu,
sobrou o retrato....

Agora, de certo, o calor foi roubado,
e a folha e a pena,
registram o estrago...


Adeus....

Texto:Marcus Mavi

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