13.10.07

Coluna Poética -N°6 (Os três olhares)

As três retinas da alma

Passado

Algo além dum peão

Eu vivia tão leve,
que cada problema era terrivel.
Acordava inerente ao incorreto,
era pequeno, gracioso.
Tão sozinho que dava pena,
meu espelho me amava.

Uma célula vagarosa,
um fator renegado,
aos estados inebriantes,
o amor e o pecado.
Meu pivô era o choro,
derrapante, soluçado.

Cada curva era a descoberta,
do abismo terrivel que era aumentar.
Perdia horas entre meus bonecos,
sem imaginar, que os idolos eram de isopor.
Mais um centrimetro me aproximava,
cada vez mais sóbrio, pouco menos ágil.

Ai, entendi o que era amar.
Arranjei uma viola, e fiz dela minha amante.
Dedilhava as dissonantes com carinho,
eu era um deus, tão popular entre os esquisitos.

A primeira rebateu minhas ofensas e se foi,
a próxima nem avisou que ia.
A terceira era cheia de filósofos na mente,
seu coração uma loucura. Nenhuma dor sentiu e sente.

Minha alma se reteve,
numa dor incompreenssivel.
Amargurei doze meses,
apreciando o impossivel.

Papeava com os tolos,
o cigarro e o esgoto.
Conheci os tiroteios.
Fui libertário e mensageiro.

Os tolos se foram e seguiram suas estrelas.
Outras delas caminharam e partiram pelas teias.
Perdi tanta coisa que a inocência era meu ditado.
Outrora desvirginado, falta dela tenho inteira.

Hoje toda minha corpulência,
de nada adiantou.
Minha insensatez foi me aclamar imperador,
do nada que tinha e nada que sou.
Todo trauma cicatrizou e o escudo é vasto.
Sou um devaneio da falta que me fizeram teus abraços...

Culpa de alguém?
Da esperança que tive.
De querer imitar os filmes.
Adeus mesquinharias.

Um disparo inoportuno,
um erro avisado.
Uma lacuna aberta,
um tropeiro assustado.
Um vulcão de ódios,
uma panela de retratos.
Não derrotado ou de vitória.
Sou um homem e seus pecados...


Presente

Emoções (palavras que resumem um coração)

Acordo, durmo, sonho.
Amo, odeio e mando.
Murmuro, grito em prantos.
Coração de metal e pano.

Estável nunca fui,
o perigo me fez amigo do passado.
Levanto desorientado,
será o futuro um relicário?

Encabulado, afastado, incompreenssivel.
Lotado de idéias, ódios, insensivel.
Sonhante assumido,
derrotado invencivel.

Prazer, sim já tive.
A vida se mostrou um deslize.
Em que se escala de trás para o alto,
e que nem um avanço ocorre sem percausos.

Se cada manhã fosse um retrato,
poucos sorrisos apreciariamos; de fato.
Outrora o sol agredia, num corredor de noites em claro.

Nenhum soneto resumirá minhas dores,
muitas vitórias também consegui.
Sorte, batalha e valores...

Teus olhos vão e vêm por meses,
óculos, barbas se incluem no velho rosto.
Dezoito anos se fizeram tão dispostos...


Futuro

Horizonte

O horizonte incompleto,
é o amante desta vida.
Fúnebre e funesto,
enclausurado de alegria.
Deturpado, amargo,
meu coração anuncia.
Quem nem sua cegueira,
trará a esperança da harmonia.

Minh'alma e retina,
compartilham dessa distorção,
não enxergam o além em perfeição.
Tudo imperfeito, tento ser o indigesto.

Resumiria a vida na relva amarelada,
que com o inverno congela, alvoroçando a manada.
Matilha armada e procriada pela ilusão gerada.
Em totalidade corriam ao paralelo, por entre o céu e o inferno...
Outrora bem servido, me alimento do vazio.
a inocência adocicava a emergência da falida.
O director cortou a cena,
entre a mesma menina que condena...

È já são inúmeras as que foram,
inutilizadas pelo estorvo,
que era meu peito inseguro.
Consegui ajuntar...

Limpo as lentes e observo,
que estes nunca serão,
nada além dum protesto.
Dum horizonte embebido em dialectos...

Marcus Mavi

2 comentários:

Daniel Felismino disse...

Um saudosista poema de lembranças, que inclusive, temo-las em comum pela metade. Oh vida futura, nos te criaremos.

Anônimo disse...

sabias palvras de uma sabia pessoa
q tem sabios conselhos a dar nas horas mais necessarias podendo agora mesm estar ajudando alguem
vlw mavi