1.9.07

Desta vez



Num dia as folhas tem que cair,
alguma hora,
os pratos tem que quebrar,
o horizonte do apocalypse nos toma,
invade nosso sono e paladar.

Será este o fim de nossos infernos,
a partida eterna para a prisão,
lotada de bebidas e esmeros.
Cela doce chamada solidão,
e eu achando que era o amar...

Não, desta vez, não vou olhar para as flores,
prefiro me perder em preto e branco,
como num filme mudo e sem legendas,
mantenho-me calado e confuso,
e eu pensando que era o sonar...

Agora, vou fitar as montanhas,
e traçar a linha mestra de nosso amor,
já cansei de insultos enfadonhos,
deixem falar mal de nossa dor,
e eu dizendo que bastava crer...

Ah, minha linda, teus olhos castanhos,
tão poderosos e desumanos,
capazes de tomar-me de assalto e saquear,
e fazer uma alvorada escurecer,
e eu afirmava, basta manter...

Dessa vez, será sem cruz ou amuleto,
eu e você e nossa cama,
dessa vez não haverá dor nem sossego,
te devorarei com minha manha...
Amém....


texto: Marcus Mavi
foto: Thiago Britto

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