14.9.07

Fortaleza

Já se foram tantos verões,
Quantas primaveras vivi?
Sou mais uma alma torta e atordoada,
Um número nos cofres do mundo.
Mais uma imagem espelhada e deformada,
Pelo tempo e pelas canções...

Olho meu passado como num aquário,
Vejo meu futuro num retrato,
Dez anos atrás apenas admirava,
Tudo que nunca quis ser.
Afinal, a vida absorve nossas incertezas,
Toma-nos ouros e corações...

Porque ainda escrevo,
Diga-me, pra quê tanta falsidade.
Não é isso que sinto,
Não é isso que quero.
Até quando serei um plebeu,
Nesse reino de fantasia que me afundo...

Nenhuma poesia te amarrará a mim,
Você não lembrará de minhas palavras.
Vejo em meu sofá, nossas marcas de confissão.
È o fim ilusão, o começo inesperado de outra saga.
Teus braços tão desejados se vão,
Num corte denso e profundo...

O passado se encontra no futuro,
Sou o desesperado mais tênue que já encontraram.
A derrota mais amiga que procuravam,
Sou falso, feito de barro.
Não adianta agora me entreguei a melancolia,
Você estará longe em cem dias...

Adeus, minha princesa.
Vá, teu futuro te espera.
Apenas peço que lembre quando meus braços te afagavam,
E leve algo de bom de mim.
Eu ficarei aqui, entre os fracassados,
Nesta fortaleza incompleta de estragos...

Marcus Mavi
Dedicado ao futuro...

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