30.9.07

Coluna Mundo- N°1 (Myanmar)




O mundo de olhos vendados

Passando por entre as noticias nos corriqueiros jornais das oito, nove e dez horas. Percebi uma pasma existência sobre os conflitos num pequeno país lá pelas bandas do vietnã... O que nos vêem através dos meios de comunicação é o fato de estarem acontecendo grandes passeatas no tal país, e nestas, causando muitas mortes entre os protestantes. Resolvi pesquisar...

Myanmar, antiga Birmãnia, foi colônia da Grã-Bretanha até a Segunda Guerra Mundial, quando foi ocupado pelos Japoneses. Depois do tal, o país se tornou independente sob um governo civil. No ano de 1962, um golpe militar passou as rédeas da nação para os militares. Submergindo a nação numa dolorosa ditadura militar. Em 88, uma onda de protestos cobertos de muitos tiros e sangue derruba o exército e assume, tendo no mesmo ano, os soldados reassumido o poder em outro golpe ditatorial. Tudo isso sob os olhos Russos, Americanos, Chineses. Todos inertes as matanças... Desde então, o pequeno povo se isolou e fragilizou pela dura mão dos militares e estritou relações comerciais predatórias com a China e a Russia. Um barril de pólvora sendo preenchido dia após dia, imposto após imposto. Lembro-vos, tudo sob os olhos do EUA, União Européia e China. Os dois primeiros precoupados com os cálices Saddam e Osama Bin Laden. Este ano, uma série de protestos pacificos foram feitos pelos populares de Myanmar contra os preços abusivos de seus alimentos, combustiveis e demais. A gota d'agua foi a subida do preço dos energéticos em geral. Como todo país budista, os monges exerceram sua função de segunda maior autoridade popular e foram as ruas. Ai entrou as nossas Tv´s Ocidentais... Na primeira grande passeata cerca de duzentas pessoas foram MORTAS pelos militares, muitas delas monges. Agora, um estado de guerra civil foi gerado, e centenas de civis e religiosos INOCENTES E DESARMADOS estão sendo chacinados pelas tropas governamentais.

Análise:
Americanos e Europeus se dizem incapazes de resolver a situação com seu fantoche chamado ONU. Chineses, Russos e Indianos se colocam quase neutros ante ao conflito sangrento. Imaginem o motivo? Isso mesmo amigos, um motivo econômico. Myanmar é uma das grandes bacias para depositar dinheiro e abarrotar de produtos para os tais paises. Sanções mais pesadas da ONU estão sendo vetadas pela China. Mais uma vez, a vida humana é inferior ao dinheiro... Se fosse num dos países do EIXO DO MAL, já haveria dez porta-aviões Americanos e Britânicos na costa de Myanmar. Ou melhor, se os protestos envolvessem: os poços de petróleo do Oriente Médio, o Aiatolá Atômico do Irã, Israel, Venezuela e outros; Myanmar já estaria isolada e pacificada além de lotada de repórteres da CNN. Uma realidade triste e velha de nosso planetinha globalizado, quando o rico morre em torres gêmeas, dez árabes pagam com a vida. Quando o pobre falece, dez ocidentais lucram com a exploração.... Pensem nisso.... Nossa midia é comprada... No 11/09 houve milhões de reportagens especiais. Agora, algumas manchestes e meia-página de jornal...



29.9.07

Diário de um combatente -N°1

Todos nós que temos uma vida agitada sabem so que não existe nada melhor nessas existências desonestas que passar diversos dias em sua casa sem fazer nada...
Meu amado colégio ¬¬, me deu uma semaninha inteira de bobeira com sua feirinha de ciências patética...
Passei os dias numa calmaria até chata, quem vive muito sabe o saco que é ficar dias sem fazer nada...
O mais engraçado é que agente amaldiçoa e abençoa dias como esses...
Com a namorada trabalhando no Leblon, resolvi ir buscá-la, foi uma aventura á parte. Nos vimos bastante apesar da distânica temporal e fisica entre nós... Até brigamos bem feinho... A namorada é uma menina fantástica apesar de seus defeitos...
Nosso relacionamento é bem peculiar, nos viamos todos os dias, agora umas duas ou três vezes na semana, e isto, não nos fez esmorecer...
Também conversei bastante com o amigo John, um cara fora do comum de tão foda...
A academia, até parece que sou marombeiro, foi minha válvula de escape. eu e o rapaz citado acima iamos e conversavamos mais que malhavamos mas... Foi show...
Fui na casa do amigo Paulista, o cara das fotos deste site, e também falamos bastante da vida...

Resumo da história:
A partir de segunda, vou enfrentar a fase mais barra desse ano, tenho notas para melhorar e dois meses para isso, a prova da ESsa também está vindo...
Desejem-me sorte...

Novas formas de expressão...

Diante da fase, de mais ou menos cinco meses, poética deste site....
Resolvi investir em outras formas de texto...
Agora o blog terá Cinco Colunas....
1°- Poesias do Mavi
2° - Criticas, noticias e etc...
3°- Histórias da Familia
4° -O diário do combatente
5° -Narrativas, estórias e contos autorais

Outra coisa...
A primeira parte da minha trilogia está em andamento...
Logo postarei partes para os interessados...
Quem quiser, depois eu mando...


Mais uma coisa....
Comentem tá, agora ficou bem mais fácil, é só clikar e falar...
Preciso de seus coments para temperar a página...
blz?
Abraços...

27.9.07

A ponta do cigarro...




Tantas histórias que nunca precisei saber,
desse caos em chamas que são teus olhos,
pra que serviu tanta nobreza e paciência?
Se você se foi sem ao menos dizer adeus.

Chegava bela, na minha vida amargurada,
porque tanta pomposidade e dissidência?
Das demais, sua voz me fazia acariciar.
Desse futuro que eu amava sem mesmo ter tocado.

Obrigado pelos teus poemas recheados,
de elogios e declarações,
essa fogueira precisa de alimento,
suas fotos, seus cabelos a sustentam.

O quanto aguentei de tuas cirandisses?
por quanto sofri e nunca serei pago?
Dessa tua visão deturpada do acaso,
desse desatino que tu denominas futuro.

Me perdoe,
por não ter te abandonado,
a invalidez me fez sonhar,
com uma casa, alguns filhos e um punhado,
de moralidade que agora vão queimar.

Esse vento gerado pelas asas,
angelicais nas quais pousastes,
agora vas, sem ao menos pezar pelo estrago.
O gole mais limpido do cálice amargo.

Na minha vida tu fostes mais uma história,
para meu peito, uma ilusão a menos.
Em minha memória teu beijo será esquecido.
De meu navio, apenas mais um cais.

Uma página somada em meu diário,
uma usura guardada em meu orgulho.
Um pedaço estragado de alguma afronta.
Desse cigarro, apenas a ponta...


Ao amigo thiago....
Força irmão!

Texto: Marcus Mavi
Foto: Thiago Britto

25.9.07

A rosa



O inverno abriga cada compromisso com a imprudência,
se tua foto não fosse agressiva entre minha retina,
eu até deixaria de usar a minha decência.
E ferveria a emoção nos porões da surdina.

Cada lágrima sua derrota esse meu coração mercenário,
em estágio de decomposição violenta,
nem a primavera me faria gelado,
me sinto morto, ferido, escalpelado.

Você foi a amélia que floresceu nesse jardim funébre,
do cemitério abarrotado de emoções,
nessa cova úmida e podre,
que chamo coração.

Por favor, não faça dessa dor um farol,
e não grite para as estrelas num anzol,
apenas deite e sonhe mais uma vez em esperança.

Teus espinhos me feriram,
teu vento me abalou,
adeus, agora eu digo, eis aqui mais um amigo....

Marcus Mavi

22.9.07

O relógio que define o fim

Essa cruz que abate cada dia de minha vida,
é um remorso eterno das dores não feridas.
O descaso alienado da plenitude mal querida,
talvez o inferno seja mais breve que o desamor...

Eu faria, adquiria, qualquer complexo em teoria,
deste relicário apaziguado pela pouca alegria,
faria de meu eu, um destrutivo consenso de histeria.
Sou um dinossauro a falecer em teu meteoro...

Se teu complexo de adjacências não fosse tão reto,
de certo, estaríamos amantes e não decrépitos,
seriamos um dissonante nessa patifaria do completo.
O esmero da intolerância nos fez regojizar.

Agora vá, curta, amargure e chore tua insensatez,
viva teu repleto mundinho mergulhado em prazer.
Ficarei aqui provando do fogo do flanco ruim deste amor,
sinceramente, sem você, até sei quem mais eu não sou...

Tu me obrigas a sonetar todos os meus afazeres,
teu retrato composto em palavras ofendidas e soletradas,
sou um compositor em dias agourados,
sou o relógio que define o fim deste ocaso....

texto: Marcus Mavi


19.9.07

O corrimão

Sou o corrimão do braço da vida,
que vive, mora e falece em minhas incertezas.
Sou o tempo que absorve a ida,
sou a dor, o extremo, a surpresa.

Não vivo entre doces, festas e poesia.
È tudo falsidade de quem já viu num dia,
o que é a dor de ser um número.
Sou o zero á direita da harmonia.

O jornal que anuncia a hipocrisia,
odeio indiretas, amo todo dia.
Acordo nesse abcesso de simetria,
nessa alvorada invocada por magia.

Estou a volver as estrelas,
a fim de num dia,
tentar ser algo além do que um sonho.
Estou tão longe que até anunciaria...

Que esse coração está a venda,
que essa alma já foi para o abate.
Não apenas mais um sonho por encomenda,
agora tudo é tão real quanto as desavenças.

Bem-vindo, eu mesmo, ao show da guerra,
que é alvorecer nessa cidade de merda.
Que é responder pelos crimes dos fracos,
e dizer pra si mesmo, não dá mais...

Adeus, infância imunda e incompleta,
diga tchau aos biscoitos de maizena.
Agora, seu amor foge com as pernas,
e, tu mesmo, berrará "Volte atrás!".

texto: marcus mavi

Aos dias que passam....

15.9.07

O uniforme

O uniforme verde-escuro,
me cairia tão bem.
Se não fossem as inconstâncias,
os segredos, o além.
Muitos nos prometem um bom deus,
e vivemos progredindo insensatos.
Nessa morte amargurada que é,
o viver sem o marasmo.

A maré fina nos convence,
de que alguém está olhando.
uns livros até dizem,
como é profundo o sonho humano.
Vivo de alguns delirios,
intrigantes e suspiros.
Duma vida sem designios,
poucos amores e alguns motivos.

Você sempre foi um deles,
mas parece estar tão longe.
Tua moradia é perto,
mas teu coração uma falange.
Invencivel aos meus cavaleiros,
tua bandeira é de metal,
já cai diante dos morteiros...

O que faremos sem sossego,
entorpeceremos os pesadelos?
Sou um amante, não um modelo,
da incapacidade adquirida ao longo dos dias.
Da ferocidade usada em algumas brigas,
se tua cara ao menos estivesse mais amiga.
Do pesar e do gozar, nessa existência indecisa.
Algum dia tua tela irá borrar...

No pernoite eu agrido,
todos meus anseios protegidos,
pela claridade rala entre a chuva fina.
Nesse deserto pacato da agonia,
de te ver passar e não ver a poesia,
escrita e absurda entre os dias;
corrompida e suja pelas falhas linhas...
Uma vez

Uma vez,
conheci um sorriso dolorido,
de olhos castanhos e,
um olhar bem amigo.
E olhei seus lábios carnudos,
senti um alivio...

Alguma vez,
eu morri de ódio daquela boca,
e nunca mais quis prova-la de tão louca.
Pobre tolo, fui um coitado.
De não perceber,
o quanto aqueles defeitos me fariam falta...

Hoje, os cabelos lisos me tomam a fronte,
e os dentes brancos aliviam minhas tristezas.
Minha princesa, eu daria tudo pelo teu futuro,
tenho tanto medo de ser mais uma foto.
Fiz de tudo para teu caminho aqui começar,
você sempre prometeu carregar,
meus defeitos consigo e deles lembrar...

Não há verso que mostre minha inconstância,
de sentir que nossos mundos desatinam,
desafinam-se as cordas da tolerância,
de tua vida de moça e da minha de bandido.
Até hoje, vejo o sinal vermelho como aviso,
nele comecei este delirio...

Obrigado, por cada sorriso,
cada amasso.
Cada desprezo e esculacho.
Cada X-tudo, cada cigarro.
Compartilhados na dor de dois pobres coitados...

Será que tanta história falecerá,
não, não sem luta.
Hoje tua vitória é fruta,
da árvore da persistência,
a semente, creio que plantei em ti.

Prometo, que não tão tardar,
estarei contigo nos céus dos felizes,
e farei desenhos sobre as cicatrizes,
da incrivel batalha que foi te levantar.

Peço apenas que não esqueça de cada incerteza,
que cultivei calado para te poupar,
e não se deixe levar pela fraqueza,
do novo e do justo,
Estar contigo se torna um luxo,
um pecado celestial chamado amar...

Ah, se minha poesia te trouxesse mais alivio,
para tuas desavenças de menina,
num corpo jovem, belo e firme.
Algum dia te farei chorar,
da alegria de ver nosso filho,
deitado em teu peito provando do paladar.

Algum dia, linda, algum dia,
seremos felizes e seremos amigos,
mais do que tudo, seremos bandidos,
presos juntos pelo crime de amar...

Por você farei o impossivel,
para que teus olhos ainda possam me admirar,
tanta luta, tanto amor e sacrificio,
não secaram tão fácil ou irão a deriva.
Nosso navio não afundará,
eu não ficarei para trás no iceberg...

Façamos um trato, um ato de maestria,
proponho uma trégua em nossas brigas,
estarei contigo e você em mim.
Na morte, derrota ou alegrias...

Como dói meu peito ao pensar que teus lábios,
possam desejar alguém melhor do que eu.
Como fere minha alma ao delirar de fato,
que você é uma rainha e eu um plebeu.
Não vai embora, sem você nada faço.
Não me deixe sonhar com a morte,
não me abandone na ironia da sorte...


(Para minha princesa)
Marcus Mavi

14.9.07

Fortaleza

Já se foram tantos verões,
Quantas primaveras vivi?
Sou mais uma alma torta e atordoada,
Um número nos cofres do mundo.
Mais uma imagem espelhada e deformada,
Pelo tempo e pelas canções...

Olho meu passado como num aquário,
Vejo meu futuro num retrato,
Dez anos atrás apenas admirava,
Tudo que nunca quis ser.
Afinal, a vida absorve nossas incertezas,
Toma-nos ouros e corações...

Porque ainda escrevo,
Diga-me, pra quê tanta falsidade.
Não é isso que sinto,
Não é isso que quero.
Até quando serei um plebeu,
Nesse reino de fantasia que me afundo...

Nenhuma poesia te amarrará a mim,
Você não lembrará de minhas palavras.
Vejo em meu sofá, nossas marcas de confissão.
È o fim ilusão, o começo inesperado de outra saga.
Teus braços tão desejados se vão,
Num corte denso e profundo...

O passado se encontra no futuro,
Sou o desesperado mais tênue que já encontraram.
A derrota mais amiga que procuravam,
Sou falso, feito de barro.
Não adianta agora me entreguei a melancolia,
Você estará longe em cem dias...

Adeus, minha princesa.
Vá, teu futuro te espera.
Apenas peço que lembre quando meus braços te afagavam,
E leve algo de bom de mim.
Eu ficarei aqui, entre os fracassados,
Nesta fortaleza incompleta de estragos...

Marcus Mavi
Dedicado ao futuro...

8.9.07

Histórias de Vovó-Parte I



O revólver

Saindo da fase poetica desse pequenino site, resolvi voltar a contar aqui minhas histórias malucas da minha familia maluca. Essa aqui tem uns três anos atrás, quando a michele ainda morava aqui em casa e nós pelejavamos pelo meu quarto... Santo Antônio Gil protetor dos irmãos menores...
Caso alguém não saiba, eu moro numa comunidade carente, cercada de pessoas carentes, carentes de um governo, de roupas maiores (meu deus, passa umas piriguetes vestidas de cinto e sutiã num frio de -18°C). Tal comunidade, o condominio residencial Colina do Passáro Negro, vulgo morro do Urubu, tem seus seguranças, defensores e administradores econômicos que fornecem matéria prima barata e rentável aos jovens da região. A segurança é reforçada por armas de calibre alto e pessoal treinado, uniformizados com seus bonés laranjas e roupas "cor-sim-cor-não" de cores alternativas.
Graças a preocupação doentia de minha progenitora de eu não me tornar um jovem soldado de alguma facção, honestamente defendida por ela, pois, segundo a tal, meu sangue já é meu ruim; eu nunca ingressei nas forças armadas da favela, e também não joguei bola, peteca, pique-pega. Devo minha infância aos inventores do Mega-drive e do Master System. Voltemos ao contexto histórico....
Na época do conto, o governo do CRCPN (Condominio Residencial Colina do Passáro Negro) estava em atrito com outros presidentes de comunidades e, após alguns anos de negociações e, digamos, acidentes diplomáticos, o exército do CRCPN, o EXPCRCPN (Exército Popular do Condominio Residencial Colina do Passáro Negro) começou uma corrida armamentista e mobilização das tropas da comunidade. Dois meses mais tarde, o condominio enfrentou uma invasão por parte de seus vizinhos e, em carniceiras batalhas, venceu a tal. Nessa época também aconteceu um grande conflito armado em meu feudo, a batalha das vassouras na qual muitas baratas se perderam em meio ao fogo cruzado. Agora, o 1°EXPCRCPN (Primeiro Exército Popular Colina do Passáro Negro) atacou um reino inimigo de agricultores, o reino do Engenho. Nessa campanha ocorreram as sete batalhas do vale da João Ribeiro, todas vencidas pelos ruralistas.
Uma época dificil para todos nós...
Neste ano sangrento, numa manhã de domingo, uma bela manhã, minha vó sobe a minha casa com seu saco de pão e jornal sensacionalista e entra de uma forma um tanto sútil. Vai a cozinha, deposita suas compras e volta a sala donde guarneciam minha mãe, minha irmã e eu, assistindo globo esporte e discutindo sobre meu namoro (coisas normais nesta prole). Minha vó toma um gole do copo de água e diz, numa voz baixa, como se algúem estivesse nos espiando.
-Maria (minha máe), tem um revólver no quintal.
Nessa hora, o jeito calmo e sensivel de minha progenitora impera...
-Porra mãe, tu tá maluca, que revólver? Essa velha hein...
Minha vo responde sobre gestos de "fala mais baixo".
-É maria, é sim,
e é dos grandes!
Eu, como nunca tinha razão com nada, mantive minha atenção na competição de salto ornamentais que passava no Globo Esporte.
-Vó, tu tá maluca, que revólver vó? -Disse minha irmã, versão mais nova e mais barulhenta da minha mãe.
-Deve ser de bandido, ah meu Jesus, minha virgem Maria nos proteja, minha santa terezinha do menino Jesus... -Minha mãe provavelmente, num ato de puro Espirito Santo, pelo dom da previsão, adicionou novos e futuros santos a nossa religião.
Terminada a ladainha, começaram as especulações sobre o futuro do revólver e seu dono. Digo com firmeza que, sugeriram ser de um bandido, do chefe do morro, do vizinho maconheiro, de algum policial até mesmo de
algum amigo meu....
O grande furor era que o tal dono retornasse a noite e fosse buscar seu artefato bélico, estando a meio caminho da nossa porta, poderia juntar a fome com a vontade de comer e usá-lo contra minha indefesa familia. Horas se passaram, eu me ofereci a ir buscá-lo (jovem revoltado adora armas), minha mãe achou melhor eu não fazer isso (tadinha, se ela soubesse que eu escrevo um livro de guerra), já que a composição quimica do meu sangue traz o hormônio TPMPVB (Teófilos Pai do Mavi Pode Virar Bandidus). Minha mãe que se auto intitula o comandante-em-chefe da casa, se ofereceu a ir porém, minha irmã, a tenente foi em seu lugar. O plano foi montado....
As três da tarde, note que a arma apareceu de manhãzinha, minha querida irmã partiu em movimentos militares até o quintal de baixo da minha casa, eu ia andando estilo soldadinho (excesso de Megadrive na pre-infância). Minha vó invocava desde os santos católicos até Tupã, Marte (deus romano), Afrodite (deusa grega), Maomé, Budá e todo tipo de entidade espirita. Só quem conhece sabe como é que é...
Momento de tensão, a jovem michele se aproxima do artefato, minhas vistas notam seu tamanho. Uma cutucada aqui outra acolá e, michele cai ao chão, a familia inteira corre para ver, desesperada de rir minha irmã grita várias vezes:"Olha o revólver!". Minha mãe e vó já praticamente ligavam para a policia quando a michele empunha a arma e parte ao seu encontro. Eu, ao ver o que era, também tombo como por atingido. Estupidamente ambas as senhoras da casa fugiam do "cano" da arma enquanto a tenente trazia-a. Na verdade aquele tipo de revólver podia até perfurar paredes, não, não era um .45 ou .762. Era uma carcaça de furadeira, sabe, aquela parte que agente brinca de arminha. Alguma alma penada a jogou em nosso quintal...
Talvez o dono da arma tenha vindo buscá-la e não a encontrara, talvez a policia o tenha detido por porte ilegal de furadeiras, talvez a minha vó precisasse de um óculos novo, talvez eu deva sair logo de casa.... Apenas mais um conto daqueles que se conta em festas de familia chatas, regadas a empadinha e agarramentos dos namorados na cozinha....
Moral da história:Vote sim no plesbicito contra o armamento....


1.9.07

Desta vez



Num dia as folhas tem que cair,
alguma hora,
os pratos tem que quebrar,
o horizonte do apocalypse nos toma,
invade nosso sono e paladar.

Será este o fim de nossos infernos,
a partida eterna para a prisão,
lotada de bebidas e esmeros.
Cela doce chamada solidão,
e eu achando que era o amar...

Não, desta vez, não vou olhar para as flores,
prefiro me perder em preto e branco,
como num filme mudo e sem legendas,
mantenho-me calado e confuso,
e eu pensando que era o sonar...

Agora, vou fitar as montanhas,
e traçar a linha mestra de nosso amor,
já cansei de insultos enfadonhos,
deixem falar mal de nossa dor,
e eu dizendo que bastava crer...

Ah, minha linda, teus olhos castanhos,
tão poderosos e desumanos,
capazes de tomar-me de assalto e saquear,
e fazer uma alvorada escurecer,
e eu afirmava, basta manter...

Dessa vez, será sem cruz ou amuleto,
eu e você e nossa cama,
dessa vez não haverá dor nem sossego,
te devorarei com minha manha...
Amém....


texto: Marcus Mavi
foto: Thiago Britto