3.8.10

Sobre quando se vai a Boreste demais

Calculei muito, e cai num lugar errado. Minha proa chocou-se numa praia extensa. Meu navio está ferido, paralisado. Nesse lugar vejo tanta gente comum e dominável. Como os inocentes índios que comigo falavam. Eles vagueiam de lá pra cá sob ordens rígidas por alguns trocados.
Andei por esta terra insólita, tive pesadelos, descobri que era uma ilha de 13 km quadrados. Que estrago, fiquei emocionado, que terra pequena para um homem de meu alçado.
Mas, aos poucos, fui aos índios vivendo, e comecei a fazer parte das fileiras. Entendi que as ordens eram partes da vida, e que o dinheiro era tão importante quanto minha saudade, meu dever, meu direito de assistir o pôr-do-sol. Agora trabalhava tanto quanto os índios, vestia a mesma roupa.
Tolos enganos, quase dois anos se passaram, e minha alma, de navegador, voltou a seu estado. Eu queria o mar, precisava do mar. Fui até meu antigo navio e o vi despedaçado. Por meus irmãos inúteis, haviam o queimado. Que dilema terrível. Meu poder de sair desta ilha havia acabado. E a fuga era impossível...
Agora, aqui fico, marginalizado, da inteligência, da vida e da sociedade. Pensando nos meus pequenos afazeres. O continente é longe demais para me apoiar.
Que triste fim para um homem de tantos estragos, e agora, tão poucos trocados.

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