29.8.10

Entre nós

Contos de fadas são interpretações de mundos paralelos ao nosso. Servem para ensinar as crianças da bondade, da fraternidade, das coisas e das escolhas sadias e imperfeitas para uma existência. Mas, na vida real, no acordar das pálpebras, em nosso transito, nossa cidade. Nossas vidas não se ponderam como contos. Mas pequenas historias fadadas a erros gigantescos, a sinas, a deuses e a tudo que acreditamos ser sobrenatural.
Mas a verdade é que se mantemos num lugar Supranatural, ao mesmo tempo, aquém e além das sociedades eternas. Somos passageiros, pequenas células de inteligência imperfeitas moldadas conforme os costumes, os outros seres e os meios a nossa volta assim permitem.
E tirando a conclusão da minha pequenez, entendi que sim, Deus pode mudar as nossas vidas. Mas onde estão as forças internas? Resolvi continuar a acreditar no amor e me agarrar a esperança. Afinal de contas, a vida segue senhores.
È no poder da persistência, da casualidade que hão de ser feitas às vitórias.

23.8.10

Sobre o Amanhã

Existe na solidão algo de terrivel.
Existe na solidão algo de incrivel.

Terrivel é entender os dias ruins,
incrivel é perceber que não são tão ruins assim.
Que a sala ainda é a sala.
Que meu cabelo ainda é preto.
Que meu coração vazio, ainda sustenta minha lotada mente.
Que meu corpo cansado ainda serve para lutar mais um pouco.
Que meus amigos fiéis ainda são fiéis.
Que meu trabalho está lá me esperando.
E que sempre há de ser amanhã.

22.8.10

Sobre um pequeno momento de solidão.

Entenda, eu ando meio cansado.
As pressões da vida me educaram,
A sempre retroceder.
Compreenda, eu me senti tão só esses dias.
A sua falta me mostrou um espelho ruim,
Isso é pequeno retalho.

Nefasto tempo entre risos,
Dolorosas frases sem sentido,
Amargos dias de domingo,
Que precede outra semana ruim.

Hoje me vi sem você,
Por acaso.
Hoje senti sua falta.
Por acaso,
Eu vi nosso retrato e me fez feliz.

Sonhos tão vazios e distantes,
Realidade tão intensa e constante,
Sem parada, sem chamada.
Eu sinceramente não sou assim.

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Passei esses dias sozinho entre a minha familia. Na tela da TV vem o alivio dum exterior que pouco se importa com minha miserável vida. Sabe, esse pensamento me elevou e trouxe em meus cigarros um pouco mais de tragos. Me vi ansioso, me vi sozinho. Aliás, que grande batalha que me valhe cada dia. Onde está Deus com a cavalaria? Meu pai, eu tenho lutado tanto. Tenho feito tanto, errado tanto. Aonde estão as promessas?
Desculpe senhor, minha carne fraquejou no te entender.
Porque amanhã ainda será igual a ontem.
Porque ainda não me fiz entender por quem me ama e nem ousei entender.
Porque essa cadeira dói meu corpo exausto de trabalhar em vão. Por um dinheiro fútil e doloroso, terrivelmente necessário.
Sabe senhor, eu ando bem mais gordo, bem mais pálido. Muito cansado, estressado até o último fio de cabelo. Com a coluna doendo. Até onde devo ir para conquistar a pequena redenção que te pedi?
E agora, aonde estão meus amores?
Sim, aqui se encontram, sentados na sala, rodeados pelo Faustão.
È.
Adiante deve haver a luz.

9.8.10

Sobre a Fênix de cada dia

Sim, estou caído.
Mas meu elmo permanece em pé nesse chão sujo.
Sim, estou confuso.
Mas muitos já me disseram o que fazer e nunca ouvi.
Sim, estou perplexo.
Mas Deus me criou para entender o mundo e sofro disso.
Sim, estou desanimado.
Mas a vitória sempre foi alcançada mesmo em anos, semanas ou dias.
Sim, estou desligado.
È minha alma se levantando das cinzas nesse mundo amarronzado.

Nunca,
Duvide de minha capacidade.
Nunca,
Tente entender minha diversidade.
Nunca,
Se oponha a minha liberdade.
Nunca,
Verás em mim a face da crueldade.
Nunca,
Absorva o que digo com fidelidade.

Pois, meus sonhos são seus.
Pois, meu coração é seu.
Pois, meu trabalho é seu.
Mas,
A luta e a vida são irremediavelmente minhas...

3.8.10

Sobre quando se vai a Boreste demais

Calculei muito, e cai num lugar errado. Minha proa chocou-se numa praia extensa. Meu navio está ferido, paralisado. Nesse lugar vejo tanta gente comum e dominável. Como os inocentes índios que comigo falavam. Eles vagueiam de lá pra cá sob ordens rígidas por alguns trocados.
Andei por esta terra insólita, tive pesadelos, descobri que era uma ilha de 13 km quadrados. Que estrago, fiquei emocionado, que terra pequena para um homem de meu alçado.
Mas, aos poucos, fui aos índios vivendo, e comecei a fazer parte das fileiras. Entendi que as ordens eram partes da vida, e que o dinheiro era tão importante quanto minha saudade, meu dever, meu direito de assistir o pôr-do-sol. Agora trabalhava tanto quanto os índios, vestia a mesma roupa.
Tolos enganos, quase dois anos se passaram, e minha alma, de navegador, voltou a seu estado. Eu queria o mar, precisava do mar. Fui até meu antigo navio e o vi despedaçado. Por meus irmãos inúteis, haviam o queimado. Que dilema terrível. Meu poder de sair desta ilha havia acabado. E a fuga era impossível...
Agora, aqui fico, marginalizado, da inteligência, da vida e da sociedade. Pensando nos meus pequenos afazeres. O continente é longe demais para me apoiar.
Que triste fim para um homem de tantos estragos, e agora, tão poucos trocados.

2.8.10

Sobre o Ainda

Ainda que meus inimigos dominem a colina, haverá tempo de tomá-la e eu sou homem para isso. Ainda que o erro me assalte, existirá um sol belo escondido pelas nuvens num ônibus lotado. Ainda que se resuma por trinta metros meu espaço diário, saberei que existe uma colina tranqüila em algum lugar. Ainda que a Segunda-feira me proponha o desequilíbrio, a risada de meus amigos me fará entender que o mundo gira ordenadamente. E quando a morte me alcançar lembrarei da música que me acalma.

Ainda que o tempo, o vento, a rotina, a tristeza, o cansaço, a impaciência, a esperança e a dificuldade me assolem. Ficarei feliz em apenas ligar meu celular e ver seu sorriso, tão branco ao meu lado. Na foto da lanchonete. Um retrato. Algo que mostra o quão poderoso pode ser o amor.

O Seu Amor!

1.8.10

Sobre TV, Dom Quixote e um jovem idiota

Por vezes deixo de compreender coisas tão próximas de mim por falta de manifestação. Uma das minhas maiores qualidades e defeitos é o fato de ser um homem muito observador. Eu simplesmente consigo prever algumas atitudes das pessoas ao meu redor. Dos meus supostos inimigos e de meus aliados.
Sou um homem que defendo de todas as formas meus amores, que combato, que luto, a qual desisto, a qual me afasto, mas estou sempre lá novamente, enfrentando os dragões da rotina. Também combato em meu trabalho; cansado, entregue maltratado, humilhado. Mas estou sempre ali, fortificando-me, ajudando as pessoas que creio merecer.
Donde estão os reconhecimentos de tanta coisa?
Estou cansado de ser meio Dom Quixote. Ajudando, sacrificando e, o mundo agindo como se isso fosse loucura.
Por enquanto, me divirto com a TV para me ancorar e entender essa vida...