17.2.08

Ensaio Literário - As carabinas de Almovadar parte 2

Eis a Segunda parte desse meu ensaio literário.
Estou muito feliz com os comentários feitos da primeira parte...
Além dessa que posto agora, virão outras duas...
Obrigado, boa leitura...
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O único momento mais parecido com o que passei naquele dia fora um tiroteio entre dois coronéis e seus campangas bem em frente a fazenda de minha familia. Tivemos de intervir, eu com treze anos tive de disparar algumas vezes contra dois ou três homens feitos, nada acertei mas, o bom Deus os afastou de nossas terras. Já meu velho,de pontaria aguda, transpassou o ventre dum rapidamente num disparo certeiro. O pobre diabo nem durou para ver o entardecer, o devolvemos ao bar donde sempre ficava, lá na vilha velha e voltamos...
Os pontos avermelhados chegavam cada vez mais perto, no front via o Tenente e seu porta-bandeira convergirem para o centro da linha inimiga. No impulso violento daquele trote ensurdecedor segurei firme minha arma e mirei bem no meio duma das silhuetas inimigas, disparei. Toda tropa abriu fogo, vimos os Carmianos cairem aqui e ali em sua linha. Deviam estar a oitenta metros. Em rapidez segurei a clavina como uma lança e nos poucos segundos que antecederam o choque, vi meus irmãos desabarem dos cavalos. Os carmianos retribuiram em salva pesada...
O choque foi colossal, com as baionetas levantadas, eles espetavam o peito de nossas montarias e nós, com as nossas baionetas cortavamos a front e membros. Eu bati de frente com dois adversários, desviei da primeira facada e encravei a lâmina no ombro do outro. A linha rompeu...
Nós abrimos caminho por entre fileiras de carmianos, ao fundo o barulho do tiroteio entre as vanguardas do XX corpo e de Carmin.
A cena de erguer-me e girar o equino para este não receber a espada na barriga e esquivar-me por entre a guarda e cortar alguam parte do inimigo veio mais algumas vezes. No meio da confusão de homens vermelhos e cavalos atropelando, gritos, tiros e canhões, num determinado momento avistei a bandeira do regimento cruzando o centro e seguindo até as costas das fileiras que disputavam campo com o Corpo resgatado. O Sargento estava perto de mim, vi a lingueta de sangue espirrar do Carmiano a qual cortou a garganta, após conferir a morte do inimigo, Ruelles berrou a tropa "Segundo Esquadrão, ataque a vanguarda, sigam a bandeira do Tenente."
Nesta hora, os diabos que tentaram deter-nos corriam até o quadrado do batalhão que estava a nossa direita. Toda nossa tropa convergia em direção aos soldados em linha, se eles não recuassem, seria um massacre...
A fileira a nossa frente preparou uma salva para nos deter, os disparos tiveram o mesmo efeito do começo da batalha, cairam alguns entre nós. Quando se viu nossa força não dissipar, as defesas entraram em desespero e começaram uma retirada para o flanco. Espertamente, o General forçou o fogo de canhoneio e levou a vida de muitos orientais na manobra. Pressionados pela retaguarda e vanguarda, os batalhões quase que foram aniquilados. Uma corneta foi ouvida na direção central das tropas avermelhadas, era o toque de retirada. Em segundos, todos os inimigos partiram numa debandada. Novamente vi meu Tenente segui-los, Ruelles berrou "Esquadrão, degolar!"
Na linguistica da cavalaria, degolar e massacrar eram sinônimos confiáveis. Eu tive o tempo de resguardar a carabina nas costas e sacar o velho sabre da guerra de Independência que meu pai me derá. Era hora da velha lãmina cruzar alguns peitos. De espada em punho, perseguimos os orientais até a margem duma linha d'água. Muitos deles correram de volta para o seu pais, outros tentaram atravessar o rio. Destes, nada sobrou e dois foram por minha mão...
Parei de encontro a um que tentava atravessar o lamaçal da beira do riacho, resolvi deixá-lo em paz. Meu peito estava em chamas, o fulgor do combate me afastou do tempo e todas estas lembranças que agora escrevo voltaram apenas em dia seguinte. Duldor estava ao meu lado e veio em trote diante de mim, apertou minha mão:
-Para um garoto vindo da fazenda, até que você mata bem.
Eu sorri:
-E para um velho beberrão até que você corta umas gargantas com astúcia.
Um som de aplausos apareceu oriundo do campo de batalha. Duldor coçou sua cabeça branca e puxou as rédeas, o cavalo relinchou um mocado.
-Venha Eldon, somos os heróis do dia...

Continua...

5 comentários:

Unknown disse...

Que imaginaçãao, que palavras mais....! rsrs!
Sem muuitos elogios sabee...
e como uma menina comentou no outro post...
quando vou ler seu livro por inteiiro eem?
heeehee, muuito show, sabe que sempre virei aqui ler, jáa é tá nos meus favoritos!
beeijos! Conta sempre \õ

Mirian Martin disse...

Muito bom! Está ficando cada vez melhor! Lembrou-me um pouco Eragon, talvez pelo fato do personagem central ser um jovem fazendeiro, mas a lembrança parou por aí. Eragon não tinha essa vivacidade toda. Estou gostando.

Anônimo disse...

Concordo em número, gênero e grau com a bruxa. Um abraço.

Anônimo disse...

Querido amigo. Dei ponta pé inicial a mais um projeto arrotiano e vc está inserido nele. Passa lá no O Arroto e diz o que achas. Um abraço.

Anônimo disse...

Caro amigo. Você terá de procurar seus parceiros de grupo (o nomes deles estão linkados) afim de que posam bolar um texto em conjunto, que será publicar obedecendo as datas pré-estabelecidas. Além disso, vcs terão de indicar um blog que vcs achem bacana e dizer o por que da escolha. Além disto, terão de comunicar aos escolhidos que os mesmo foram linkados e convidá-los a estar no dia da publicação de seus textos; os mesmo também serão convidados a escrever um texto para a Confraria dos Loucos nas datas também previamente estabelecidas. Um abraço.