22.2.11

Sobre Rotina e indigestão

Só de falar nessa palavra eu tenho calafrios. Sim, um dos meus maiores temores é enfrentar a rotina do dia-a-dia da forma que eu enfrento hoje pelo resto da vida.
Tá ai uma das coisas mais assombrosas da minha alma, eu sou constantemente insatisfeito. Seja nas pequenas ou grandes circunstâncias.
Contudo, a vida que levamos nos molda dessa maneira...
Por exemplo, se hoje eu sair daqui e comprar um celular tablet em doze vezes sem juros no cartão, antes de terminar a compra, meu caro aparelho será brinquedo de criança no Japão e terceira linha no brasil. Se me arriscar no mundo da informática, minha HP em meses estará obsoleta. Meu tênis da Nike fora de linha. Minha camisa do Flamengo em um ano será antiga. Minha câmera digital de péssima resolução. Meu pen drive de pouca memória, meu Black Berry um Nextel fora de moda. Logo a banda larga vai entrar em promoção. Meu Mp5 um lixo por não ter Wireless. Minha guitarra um modelo ultrapassado.
O mundo moderno, assim como denoda seu adjetivo, se rende ao novo, e esse conceito do que é contemporânea afunila-se de anos para meses, semanas, dias, horas. Em duas horas, você vê dezenas de novas noticias, matérias, calamidades nos sites de informação. Menos de vinte e quatro horas sua morte boba será o rodapé da página 11 de um desses tabloides baratos que custam cinquenta centavos, antes de sua missa de sétimo dia, seu nome vai limpar vidro de uma vitrine.
Com toda essa informação, esse ritmo ditado, essa ordem excêntrica, quem se estaciona em um lugar calmo? Cada vez mais as responsabilidades são adiantadas. Há vinte anos um homem de minha idade nem pagava as contas de casa. As mulheres estavam se preparando para casar. O Brasil ainda estava mais longe de ser o país do futuro, e meu pai corria atrás de emprego como um louco. Ontem li que as agências de telemarketing, outro efeito da Era Moderna, estavam contratando sete mil pessoas somente no estado do rio.
Doravante esse enxame de feeds, de microblogs, de twitts, de posts; ultrapasso o mesmo sinal vermelho todo dia sentado em um ônibus lotado que vaga pela favela suja no subúrbio do rio. E encontro o mesmo mendigo que me pede cigarro por cigarro, meus maços de carlton que vão se esvaindo pelos dias, assim como minha saúde. E os calos trocam de lugar no meu pé, e as dores revezam entre os joelhos.
Sim, três anos de atendimento ao publico me fizeram entender o caos, o homem é repetitivo, constantemente adivinhável, passivo de não entender. Tudo é um script.
Todas as mulheres depois de um grande amor aventuram-se em seus “carinhas” e baladas. Todas as crianças choram por um afago. E os homens desanimados bebem as sextas e sábados rindo das historias antigas. E o futebol é feito de gols e só de gols, e os dribles são bem copiados.
O que, hoje em dia, me faz diferente, é que não sou suscetível á roteiros, odeio falar das mesmas intrigas. O que me irrita, é pedir as mesmas coisas a Deus nas horas do almoço. É lamentar os causos entre um café e outro. Olhar as arvores da Rua da Carioca dentre dois ou três cigarros.
Fico horas pendurado nos galhos da minha mente de quando irei fumar encostado em postes diferentes, e suplicar por novas conquistas...
Mas talvez, sim, seja isso, viver no mundo moderno.

Daqui a quinze minutos este post estará desatualizado na minha vida...

Um comentário:

tio lipe disse...

ahuahuaha
mlk dessa vez vc se superou, tenho q admitir q vc realmente compriendeu o caos do ocio cotidiano !!
deveria pensar em ser paisagista
auhauhaua
viva a brigada panda !!