25.4.10

Sobre a paz que eu não quero seguir

Em 14 de Julho de 1789 uma multidão de revoltosos com a conjuntura socioeconômica de seu país atacou a Fortaleza Parisiense da Bastilha. Esse golpe contra um poder que se dizia divino abalara o mundo, pois os oprimidos agora carregavam os canhões do ataque. E o grilhão era fraco contra milhares e milhares de corações ansiosos por sangue e melhoria em suas infelizes vidas. Essa gente simples começava um dos eventos históricos mais aclamados e estudados e que, para sempre, mudou os modos de pensar de todas as sociedades modernas. E de lá vieram um Rousseau para definir as desigualdades e convencer um país a lutar e um Claude Joseph para bradar “As armas cidadãos!”.
Uma das maiores peculiaridades da revolução francesa é que a economia da França era forte e este país possuía um cenário de destaque mundial, excelente terras. Mas o que destruiu um sonho francês de uma Grande Pátria Mãe antes da marcha do povo contra a fortaleza? Fora a tirania exacerbada de inúmeros governos fúteis, parasitários, corsários do suor e trabalho de uma grande gama de indivíduos que formava uma massa, um tijolo ou azulejo a ser pisado e sustentar as políticas infelizes de reis e do clero.
Naquela época longínqua aos nossos olhos e interesses, fora provado que o Mundo Ocidental não esperava uma revolução, mas, precisava de uma revolução. E sim, apesar dos burgueses e suas economias, quem tomara a frente dos assaltos fora um povo massacrado e que agora começaria seu banho de sangue; um pagamento merecido por muitas gerações engolidas.
Não irei me estender sobre isto, mas, o preço foi pago e muita coisa mudou ali, naquele momento germinativo duma idéia soberana do que é hoje nossa “teórica” sociedade moderna...
Utilizando do exemplo supracitado eu formulo uma questão: Quais são as tiranias escondidas dentro do seio da nossa sociedade?
Os impostos são duros e terríveis no Brasil. Contudo, os serviços públicos, de um modo geral, são péssimos. O saneamento, o planejamento das cidades, as estradas. O povo sofre uma tirania disfarçada, duma classe governativa parasita e fraudatória. Já pensaram no quão absurdo é lhe dar com noticias de bagatelas e corrupções em todas as esferas comumente no nosso jornal? Ao lado das noticias do tempo e da TV.
Senhores, vivemos num país continental e rico em potencial, mas, nossas vidas de merda, mergulhadas nas excentricidades dum dia-a-dia de merda nos fazem perder a visão do desastre que somos.
Por isso vos digo. Qual a forma de melhorar? Comunistas, Monarquistas, Republicanos, Esquerdos, Direitos. Tudo farelo da mesma sujeira. Basta dessa gente inútil, pobre de educação e espírito governar-nos. A quem você vai dar seu voto esse ano? Ao romário, grande jogador de futebol. Que terrível comedia grega é a nossa política senhores, em todas as suas conjugações.
Chega desse comunismo de mentira, isso é inútil, as manifestações foram domesticadas. Nenhum rei pode mudar o destino, seria complexo demais, com sangue demais. Basta de associações com os EUA ou a Rússia. Ou com Chaves, ou com Obama. Todos esses factóides são armadilhas. É pretexto para se esquecer a questão mais essencial para um governo democrático. A democracia na educação, na saúde, na segurança, na alimentação, na moradia, no desenvolvimento das sociedades. Quando sim, nosso País alcançar o nível disso. Poderemos discutir se seremos Marx ou Mercantilistas. Comprar-se-emos Bombas ou Balas de chocolate. Se nosso Presidente é negro, ou tirado da lama, ou diplomata em alguma merda qualquer.
Como eu posso pensar em coisas maiores se minha casa é cercada de bandidos, se meu carro é blindado, se fico horas num transito idiota para ir para meu trabalho. Se minha alimentação é cara, se a luz é cara, a água é cara, o telefone é uma facada. Se meu cartão de credito me ataca. Se quando eu quebrar um pé numa infeliz casualidade, tenho que ficar dias para enfaixá-lo. Se não posso chegar duas da manha em casa sem estar rezando para alguma coisa me defender. O Povo grita senhores, mas berra como um cão, que late do dono o estar batendo e encolhe seu rabo, volta para a casinha, dorme e amanhã estará na porta com os jornais cheios de sangue na boca, abanando o rabo.
Sou obrigado a ser assim em meu emprego, pois o mercado nada me oferece e tudo me cobra. Com meus políticos, em suas mesas de dominó com prostitutas. Com meus vizinhos que se envolvem com as armas e drogas e mandam. Com a Policia corrupta. Com um transporte público imbecil. Com os impostos que só encarecem aquilo que é ínfimo em outros paises.
E sim, tudo isso acontece enquanto o Brasil vence a Crise Mundial com Maestria. Quem dera aqui fosse outra França e não fossemos tão vendidos a nossa vida de misérias. Sonhem em ser americanos e europeus, seria até mais fácil. Sua pátria que te pariu não precisa de você, só do seu dinheiro sujo..


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23.4.10

Sobre pequenos vicios e grandes mudanças...

Eu sempre disse a todos que meu grande vicio era a musica, coisa que desde outrora fazia parte da minha alma, seja nessa ou em outras existências.
Mas uma série de pequenas inverdades se acumula na minha cabeça no cotidiano duro e vendido da minha carreira profissional que acabaram por abafar alguns dons que tinha a mais. A escrita, por exemplo.
Mais o que me fere é a estagnação temporária que tenho por ínfimos momentos. A vontade de voltar, a vontade de ir, de ficar, de partir quando simplesmente devia estar na linha de frente.
Quais de vocês sentem isso todo santo dia?
Pois bem, quase todo nascer do sol eu peço para dormir mais. Toda noite eu quero amanhecer dez dias á frente, mas, o tempo é uma maquina mui maior que o relógio que comprei. E é o tempo tão áspero e sincero que me destrói. Que se coloca diante de mim e minhas soluções, distanciado-as, modificando-as duma forma, que qualquer filosofo largaria seus estudos para se entranhar numa mata e ali ficar.
A minha maior mudança talvez seja derrotar meus pequenos defeitos...
Essa vitória é amarga e de Pirro. Mas tenho de abraçá-la...