Ano Novo com novos
sonhos
Chegou o tão esperado 2015, com suas promessas fatídicas,
suas visões elevadas.
Basicamente, passei todo o ano anterior planejando minhas
ações neste, dado que, imobilizado na vida profissional, pessoal e financeira,
vivi um ano de esperas, um ano de aguardos, um ano de aguardentes.
Algumas perguntas não foram respondidas, essa vida agitada,
cheia de opiniões, cheia de pronomes de tratamentos, cheia de dejetos, não nos
deixa quase que raciocinar. Vivemos institivamente, no modo de espera, no modo
de governo, em câmera lenta. 2015 me propiciou alguns dias fora as festanças
para tentar reerguer alguns muros caídos e pintar outros construídos. Houve suor
e sangue demais no ano que se foi. Essa contagem de tempo que criamos nasceu de
nossa necessidade de crer num começo diferente a cada doze meses; tempo
suficiente para alcançar o cansaço.
Logo alcançarei uma idade considerada por todos como adulta.
Olho-me no espelho, tornei-me servo de expectativas. Tão servo delas, tão senil,
tão quebrantado que não sei de onde surgiram. As geradas há dez anos atrás caíram
quase que todas por terra. As geradas fora de mim assumiram. Os comerciais
vendem uma vida pacata, com nossos empregos das nove ás seis.
E como aquele menino-herói pode se alojar dentro do gabinete
de um homem comum? A realidade desbarata nossos ditames, ela transforma quase
tudo em óleo e sal.
Digo mais, sobrou muita coisa do menino que iniciou esse
blog, outras se modificaram em maneiras perversas que, alegremente, me
envergonharia se assim o visse.
Eu ando profundamente sonhador.
Mas, parafraseando nosso poeta GIL: “Tudo permanecerá do
jeito que tem sido, transcorrendo, transformado, tempo e espaço navegando em
todos os sentidos…”
Compreender a dinâmica do tempo vivenciando cada dia como
último. Que alegoria mais terrível, nossa mortalidade ter de ser casada com o
eterno vento. É ingenuidade demais tomar as rédeas da própria vida?
“Queremos saber, queremos viver confiantes no futuro. Por
isso se faz necessário prever qual o itinerário da ilusão, a ilusão do poder...”
Até onde podemos nos iludir no chegar?
Tempos perenes demais. Toda sorte para todos.
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