Prefácio
De uns anos para cá, essa vida de adulto médio vêem assolando
meus nervos, e tudo isso se resvala na minha forma física, mental e financeira.
Na procura incessante sobre as possibilidades de minimizar
esses fatos que pensei e concordei em retornar a este local que, ao longo dos
incontáveis oito anos que ele cobre da minha parca passagem por esse plano,
funciona como fonte de escape e escarpa aos meus desejos e discrepâncias.
Não quero titubear nas infinitas ordens de palavras que a língua
portuguesa gera e espera de nós, nem aos menos tentar. Não sou homem
intelectualizado e atualizado com os ditames existentes nesses extratos sociais
que convivo. Tenho me tornado dez mil personagens sombrios, vagando nos limbos
da vida profissional, amorosa e pessoal que um homem de 23 anos pode
transpassar.
Não haverá de forma alguma divulgação ou informação sobre o
conteúdo que aqui existe. Será o tempo e o interesse de cada qual que virá aqui
ver. O fato é, quero voltar a gozar dos ouvidos amplos e dispersos da rede para
simplesmente desabafar.
Contudo, não esperem tratados científicos e biografias
corretas sobre o que passo e como passo, os assuntos mais inerentes a mesas
estreitas por lá ficarão...
A vida de brasileiro médio é funesta e irrisória diante das
massas que se acomodam na TV domingo á noite para rir da desgraça alheia. Tal formosura
de passagem nesses tempos é a que vivo. Moro basicamente em um lugar simples,
feito de gente simples e governado por gente simplista. Um leviatã artificial que, ao contrário de seu
uso e sentido original, massifica os contra-sensos e a busca incessante por uma
fortuna que nunca virá. A guerra pela sobrevivência no Brasil é fria e
desumana. Amontoados em nossos péssimos meios de transporte, acotovelando-se e
organizando nossas pequenas seitas e cervejadas, pelo caminho vamos aos
trabalhos abençoados que, basicamente, nos pagam pouco e cobram muito.
A volta se dá de forma idêntica, há de se deixar previamente
registrado que, o conformismo reina no Brasil...
Tudo isso tem me consumido...
Com o advento das redes sociais, padrões tão inúmeros estão
se unificando naquilo que chamo “Estado do Símio Organizado”. Compactados numa
amoral e numa perspectiva chula de um total fator aprovativo e superlativo do
sistema; cada qual em seu quadrado, divulga ao léu a vida absurdamente boa e
enganosa que se tem...
Eu, Marcus, pergunto-me a cada hora que passa, como posso
moldar-me a essa corrente que desconheço e que não convence, confesso a todos,
tenho tentado inúmeras vezes mas, a incompreensão é substantivo sem paradoxos
neste lugar. Quase que sempre seus comportamentos hão de ser moldados pelas
filosofias inúteis das novelas e dos autores falecidos. Aquelas mesmo que todos
nós conhecemos que, ao usar de uma retórica mais aproveitada, consegue
falsamente simplificar as situações de complexos domos dentro da sociedade.
Minha guerra é contra esse sistema falido e essas formas de
viver. Tenho perdido consubstancialmente...
Desprovido de diplomas, belezas, valores e posses; meus
assuntos se diluem nos tratos da minha classe...
È dolorosa a sensação de impotência diante disso tudo.
Por isso canto:
“Tempo
Rei!
Oh Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Transformai
As velhas formas do viver
Ensinai-me
Oh Pai!
O que eu, ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo
Socorrei!..”
Oh Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Transformai
As velhas formas do viver
Ensinai-me
Oh Pai!
O que eu, ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo
Socorrei!..”
E por ai caminho, nas segundas-feiras sujas da vida
suburbana carioca...
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